quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

todas as mulheres














todas as mulheres
todos os beijos delas as
formas variadas como amam
e falam e carecem

suas orelhas elas todas têm
orelhas e
gargantas e vestidos
e sapatos e
automóveis e ex-
maridos

principalmente
as mulheres são muito
quentes elas me lembram a
torrada amanteigada com a manteiga
derretida
nela

há uma aparência
no olho: elas foram
tomadas, foram
enganadas. não sei mesmo o
que fazer por
elas

mas gostei das camas variadas
lá delas
fumar um cigarro
olhando pro teto. não fui nocivo nem
desonesto. só um
aprendiz

sei que todas tem pés e cruzam
descalças pelo assoalho
enquanto eu observo suas tímidas bundas na
penumbra. sei que gostam de mim algumas até
me amam
mas eu amo só umas
poucas

algumas me dão laranjas e pílulas de vitaminas;
outras falam mansamente da
infância e pais e
paisagens, algumas são quase
malucas mas nenhuma delas
é desprovida de sentidos, algumas
amam bem, outras nem
tanto; as melhores no sexo nem sempre
são melhores em
outras coisas; todas tem limites como eu tenho
limites e nos aprendemos
rapidamente

todas as mulheres todas
as mulheres todos os
quartos de dormir os
tapetes as
fotos as
cortinas, tudo mais ou menos
como uma igreja só
raramente se ouve
uma risada

essas orelhas esses
braços esses
cotovelos esses olhos
olhando, o afeto, a
carência, me
sustentaram, me
sustentaram.

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